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Análise de Discurso; Ideologia; Tabagismo; Fumante; Saúde Pública

08/03/2019

Este estudo tem como propósito investigativo analisar o funcionamento do discurso do Ministério da Saúde nas campanhas de enfrentamento ao tabagismo no Brasil. Para a consecução dos nossos propósitos investigativos, examinamos os discursos das campanhas realizadas para o Dia Mundial sem Tabaco e para o Dia Nacional de Combate ao Fumo, no período de 1997 a 2017. Nosso arcabouço teórico se fundamenta nos princípios metodológicos da Análise de Discurso fundada por Michel Pêcheux, no final dos anos 60 na França. Nosso trabalho busca compreender como o discurso do Ministério da Saúde, ao longo dos últimos 20 anos, tem funcionado para produzir uma ruptura na identificação dos sujeitos com o hábito de fumar. A partir dessa orientação de leitura, buscamos compreender as diferentes posições-sujeitos assumidas pelo Ministério da Saúde nas campanhas antitabagismo. Além dessas questões, procuramos refletir sobre os modos de designação e referenciação do sujeito fumante e da prática tabagística nos discursos do Ministério da Saúde, pois compreendemos que os modos de representar o sujeito fumante e a prática tabagística estão relacionados às formações imaginárias projetadas pelo órgão de saúde. Na esteira do sentido, outras questões se apresentaram relevantes para discussão, a saber: como o discurso sobre a saúde é mobilizado nas campanhas?; Como as materialidades discursivas linguísticas e visuais se articulam para produzir sentidos?; Quais os possíveis impactos sociais que o discurso antitabagismo pode gerar ao fumante?; Como ocorre o silenciamento do discurso de valorização do tabaco produzido pela indústria tabagística? Qual a função dos aparelhos Legislativo e Judiciário no processo de estímulo à cessão do tabagismo? Essas questões orientaram os nossos gestos de leitura do corpus discursivo, que foi recortado do catálogo de histórico de campanhas, publicado em 2017, pelo Instituto Nacional de Câncer, subdivisão setorial do Ministério da Saúde. Somada a essas questões mencionadas, procuramos ainda investigar como as condições de produção sócio-histórica e ideológicas funcionaram para determinar os sujeitos e os sentidos, já que nossas análises sinalizaram para um processo de exclusão social do sujeito fumante no mercado de trabalho, em razão do imaginário construído historicamente do fumante como sujeito doente que também prejudica os trabalhadores não fumantes, assim como apontaram as determinações da lógica do capital que atravessam o discurso sobre a saúde.

Fonte: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/33687