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Manobras para 'capturar' processos políticos e legislativos

 

 

 

 

A indústria do taba tem sido altamente engenhosa em minar os esforços governamentais para proteger a saúde pública. As empresas têm se tornado especialistas em criar e explorar brechas na lei e em fazer articulações com lobistas para influenciar a elaboração das leis com seus pontos de vista particulares .

Em uma apresentação ao Conselho da Philip Morris, em 1995, o então vice-presidente sênior dos Assuntos Regulatórios Globais da empresa declarou:

"Nosso objetivo é ajudar a formar ambientes regulatórios que permitam à nossa empresa alcançar seus objetivos (...) lutando agressivamente com todos os recursos disponíveis contra qualquer tentativa, de qualquer parte, de diminuir nossa habilidade de fabricar produtos eficientes e comercializá-los eficazmente"(...)1.

A extensão de estratégias usadas pela indústria do tabaco para influenciar os processos políticos e legislativos, inclui a promoção de parceiras com lobistas para obtenção de decisões de interesse próprio acima das que servem ao bem comum. Evidências existentes sugerem, por exemplo, que em diversos países a indústria do tabaco tentou subestimar a posição do país na negociação da Convenção Quadro do Controle do Tabagismo (OMS) e continua tentando impedir a implementação do tratado2 3 4 5 6.

As táticas usadas pela indústria do tabaco incluem:

  1. incitar controvérsia entre os ministérios da fazenda, de comércio e outros órgãos, em oposição ao Ministério da Saúde;
  2. usar associações comerciais e outros grupos de fachada para fazer lobby a seu favor ; e
  3. garantir seu acesso às negociações da Convenção Quadro do Controle do Tabagismo (OMS), por meio de seus contatos estabelecidos com a Organizações internacionais  como a ISO que padroniza e normaliza produtos e serviços 7.

Há muitos exemplos de táticas usadas pela industria do tabaco para promover seus interesses e enfraquecer a legislação dos países, tais como:

  1. criar e explorar 'brechas' legislativas;
  2. exigir um lugar em órgãos decisores governamentais;
  3. promover regulações voluntárias em vez de legislações; e
  4. esboçar e distribuir "amostras" de leis  favoráveis à indústria, que até mesmo escrevem o jargão do controle de tabaco e outras legislações para garantir que quaisquer medidas regulatórias não sejam restritivas demais às agressões práticas comerciais da indústria.
  • 1. PHILIP MORRIS. Corporate worldwide regulatory affairs issues review prospects and plans. Legacy Tobacco Documents Library, Estados Unidos, 29 abr. 1995. Disponível em http://legacy.library.ucsf.edu/tid/jww95a00. Acesso em 14 nov. 2014
  • 2. GRUNING, Thilo et all. Tobacco industry attempts to influence and use the German government to undermine the WHO Framework Convention on Tobacco Control. Tobacco Control, Estados Unidos, n. 21, p. 30-38, 2012. Disponível em http://tobaccocontrol.bmj.com/content/early/2011/06/15/tc.2010.042093.full.pdf+html. Acesso em 17 nov. 2014.
  • 3. MAMUDU, Hadii; HAMMOND, Ross; GLANTZ, Stanton. International trade versus public health during the FCTC negotiations, 1999-2003. Tobacco Control, Estados Unidos, 2011. Disponível em: http://tobaccocontrol.bmj.com/content/20/1/e3.full. Acesso em 17 nov. 2014
  • 4. OTAÑEZ, Martin; MAMUDU, Hadii; GLANTZ, Stanton. Tobacco companies use of developing countries economic reliance on tobacco to lobby against global tobacco control: the case of Malawi. American Journal of Public Health, Estados Unidos, v. 10, n. 99, p. 1759-1771, 2009. Disponível em http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2741530/. Acesso em 17 nov. 2014.
  • 5. ASSUNTA, Mary; CHAPMAN, Simon. Health treaty dilution: a case study of Japan's influence on the language of the WHO Framework Convention on Tobacco Control. Journal of Epidemiology and Community Health, Estados Unidos, v. 9, n. 60, p. 751-56, 2006. Disponível em: http://jech.bmj.com/content/60/9/751.full. Acesso em: 19 nov. 2014
  • 6. LEE, Sungkyu; LING, Pamela; GLANTZ, Santon. The vector of the tobacco epidemic: tobacco industry practices in low and middle-income countries. Cancer Causes and Control, v. 23 (Suppl. 1), p. 117-29, 2012. Disponível em: http://link.springer.com/article/10.1007%2Fs10552-012-9914-0. Acesso em 17 nov. 2014
  • 7. BIALOUS, Stella; YACH, Derek. Whose standard is it, anyway? How the tobbaco industry determines the International Organization for Standartization (ISO) standards for tobacco and tobacco products. Tobacco Control, Estados Unidos, n. 10, p. 16-104, 2001. Disponível em: http://tobaccocontrol.bmj.com/content/10/2/96.full. Acesso em: 18 nov. 2014.
29/08/2019

A redução do percentual de brasileiros dependentes de tabaco caiu 40% em pouco mais de uma década, segundo o Ministério da Saúde. Mas esse avanço pode estar ameaçado com a entrada dos cigarros eletrônicos e vaporizadores no mercado nacional, avaliam especialistas.

Referência

MELLIS, Fernando. Cigarro eletrônico ameaça política de combate ao fumo no Brasil. R7, São Paulo, 29 ago. 2019. Disponível em: https://noticias.r7.com/saude/cigarro-eletronico-ameaca-politica-de-comb.... Acesso em: 19 mar. 2021.

 

25/07/2019

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) realizou uma audiência pública para discutir a possível inserção de novos produtos de tabaco no mercado brasileiro, como os cigarros eletrônicos e dispositivos de tabaco aquecido. Esses produtos, considerados estratégicos para o futuro do setor, têm a venda proibida no Brasil.

Referência

 

25/07/2019

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) irá realizou uma audiência pública para discutir a possível inserção de novos produtos de tabaco no mercado brasileiro, como os cigarros eletrônicos e dispositivos de tabaco aquecido. Atualmente, esses produtos, considerados estratégicos para o futuro do setor, têm a venda proibida no Brasil.

Referência

SILVA, Cristiano. Setor se mobiliza pela inserção dos cigarros eletrônicos no mercado. Gaz, Rio Grande do Sul, 25 jul. 2019. Disponível em: http://www.gaz.com.br/conteudos/regional/2019/07/25/150605-setor_se_mobiliza_pela_insercao_dos_cigarros_eletronicos_no_mercado.html.php Acesso em: 24 jun. 2020.

 

27/03/2019

Ao participar  da abertura da 19ª Expoagro Afubra, em Vale do Rio Pardo (RS), o  secretário de Agricultura Familiar do Mapa, Fernando Schwanke, enfatizou a disposição da ministra Tereza Cristina de implementar ações de fortalecimento da agricultura brasileira e de apoio às pequenas e médias propriedades rurais. Schwanke destacou que a região possui 40% da população na área rural, enquanto a média do país é de 20%, e avaliou que isso ocorre devido à cultura do tabaco e suas etapas de produção.

Fonte: https://www.grupocultivar.com.br/noticias/secretario-de-agricultura-familiar-reafirma-apoio-as-cadeias-produtivas-na-abertura-da-expoagro-afubra

 

21/03/2019

Dois projetos brasileiros estão entre os 31 trabalhos selecionados pelo PMI IMPACT, uma iniciativa global criada pela Philip Morris International (PMI), com o objetivo de financiar programas de combate ao comércio illegal e crimes relacionados. Em sua segunda edição, o PMI IMPACT recebeu mais de 157 inscrições de todo o mundo.

Referência

Projetos brasileiros receberão investimento da Philip Morris International para combater o comércio ilegal e crimes relacionado. Olá Jornal, Rio Grande do Sul, 21 mar 2019. Disponível em: shttp://olajornal.com.br/projetos-brasileiros-receberao-investimento-da-p...

Fonte: http://olajornal.com.br/projetos-brasileiros-receberao-investimento-da-philip-morris-international-para-combater-o-comercio-ilegal-e-crimes-relacionados/

 

28/02/2019

As lideranças do setor do tabaco se reuniram em audiência na última quinta-feira, 21, com a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina. Na reunião, esteve presente o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Iro Schünke; o presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Werner; o diretor executivo da Associação Brasileira de Indústrias do Fumo (Abifumo), Carlos Galant; e o presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco, Romeu Schneider. 
https://novorural.com/noticia/463/estudiodeconteudo

Referência

MINISTRA Tereza Cristina recebe demandas sobre a cadeia do tabaco. Novo Rural, Rio Grande do Sul, 28 fev 2019. Disponível em: https://novorural.com/noticia/463/estudiodeconteudo. Acesso em: 24 jun 2024.

Fonte: https://novorural.com/noticia/463/estudiodeconteudo

 

31/05/2018

O presidente Michel Temer (MDB) sanciona lei que atende a uma reivindicação histórica do setor de tabaco, dando a possibilidade de exportação de cigarros em embalagens com mais ou menos de 20 unidades. A lei foi publicada na edição do dia 31/05/2018 no Diário Oficial da União.

Referência

Garcia, Pedro. Temer sanciona lei que beneficia setor de tabaco.GAZ, Vitória, 31 mai. 2018.Disponível em: http://www.gaz.com.br/conteudos/geral/2018/05/31/121244-temer_sanciona_lei_que_beneficia_setor_de_tabaco_entenda.html.php Acesso em: 4 jun. 2017.

 

19/05/2018

Uma lei que compromete a competitividade do cigarro brasileiro no mercado internacional pode estar prestes a ser alterada, um projeto para modificar o decreto-lei 1.593, de 1977, que determina que os cigarros sejam acondicionados apenas em embalagens com 20 unidades. Um projeto de lei em tramitação no Senado pode apertar ainda mais as restrições à comercialização e ao consumo de cigarros no Brasil e até interferir na produção de tabaco. Os aditivos foram proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2011, mas uma liminar obtida pelo Sinditabaco suspendeu os efeitos da resolução. O principal risco dessa proibição envolve o tabaco da variedade burley, que necessita de aditivos e está presente em quase a totalidade dos cigarros vendidos no Brasil. O que mudaria? Publicidade em locais de venda, Embalagens padronizadas, Proibição de aditivos e Proibição do consumo de cigarros em veículos.

Referência

GARCIA, Pedro. Quatro desafios no caminho da cadeia do tabaco. Portal do Tabaco, Santa Cruz do Sul, RS, 19 Mai. 2018. Disponível em: http://portaldotabaco.com.br/quatro-desafios-no-caminho-da-cadeia-do-tabaco/ Acesso em: 25 jun. 2018.

 

27/01/2018

Polícia Rodoviária Federal apreendeu 300 mil maços de cigarro contrabandeado do Paraguai em Coxim.

Referência

VACCARI, Glaucea. PRF apreende carreta carregada com 300 mil maços de cigarro contrabandeado. Correio do Estado, Mato Grosso do Sul, 27 jan. 2018. Disponível em: https://www.correiodoestado.com.br/cidades/prf-apreende-carreta-carregada-com-300-mil-macos-de-cigarro/320295/ Acesso em: 22 fev. 2018.

 

03/07/2017

O artigo analisa os conflitos existentes na cadeia produtiva do tabaco no Brasil e as estratégias historicamente estabelecidas por cada agente. Para tanto, interpretamos a cadeia produtiva do tabaco como um campo de disputas. Como ferramentas metodológicas realizamos revisão bibliográfica e entrevistas semiestruturadas. Dentre os resultados, constatamos que, em geral, os agentes do campo tabagista assumem três tipos de estratégias: 1) a defesa do campo; 2) posições estratégicas intermediárias ponderando disputas históricas que consideram posições conflituosas no campo; 3) posições contrárias ao próprio campo do tabaco.

Referência

MENGEL, Alex Alexandre; AQUINO, Silvia Lima de. A cadeia produtiva do tabaco como campo de disputas. Mundo Agrario, Argentina, vol. 18, n. 38, p. 1-21, 2017. Disponível em: https://www.mundoagrario.unlp.edu.ar/article/view/MAe057/8563. Acesso em: 7 ago. 2023.

 

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