Um levantamento recente do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) aponta que 2,2 milhões de adultos (1,4%) afirmaram ter consumido os dispositivos eletrônicos para fumar até 30 dias antes da pesquisa. No primeiro ano do levantamento feito pelo Ipec, 2018, o índice era de 0,3% entre a população, com menos de 500 mil consumidores. A pesquisa aponta também que cerca de 6 milhões de adultos fumantes afirmam já ter experimentado cigarro eletrônico, o que representa 25% do total de fumantes de cigarros industrializados, um acréscimo de 9 pontos percentuais em relação a 2019.
ROCHA, Lucas. Consumo de cigarros eletrônicos no Brasil quadruplica entre 2018 e 2022, diz pesquisa. CNN Brasil, Sao Paulo, 17m aio 2023. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/consumo-de-cigarros-eletronicos-no-br.... Acesso em: 22 maio 2023.
Novos dispositivos, mas o mesmo objetivo: o lucro em troca da sua saúde. A indústria do tabaco está trocando a cortina de fumaça pela de vapor, numa nova tentativa de atrair novos
usuários.
Duas semanas após a diretoria colegiada da Anvisa aprovar um relatório técnico que recomenda a manutenção dos produtos eletrônicos de tabaco no Brasil, a ex-diretora do órgão Alessandra Bastos, que defende a regulamentação dos dispositivos, disse, em entrevista à Rádio Gazeta, que ainda é possível reverter a decisão. Alessandra ressaltou que, caso isso não aconteça, os impactos sobre a saúde pública serão muito graves em função da expansão desenfreada do consumo pela via do contrabando.
Os produtos de tabaco aquecidos (HTPs) são uma adição relativamente nova ao mercado de produtos de tabaco e nicotina. Há um debate científico e político em andamento sobre o papel dos HTPs na redução de danos do tabaco, com preocupações sobre os efeitos na saúde, marketing e envolvimento da indústria do tabaco.1, 2 Este explicador visa destacar questões atuais em torno de HTPs e achados de pesquisas recentes, incluindo pesquisas STOP, investigando esses problemas.
Em dezenas de países, vaporizadores e produtos de tabaco aquecido são adotados por adultos fumantes no lugar dos cigarros tradicionais. O que você sabe sobre esses produtos?
REGULAMENTAÇÃO das alternativas ao cigarro em pauta. UOL, São Paulo, 26 nov 2021. Disponível em: https://www.uol/conteudo-de-marca/2021/11/26/bat-regulamentacao-das-alte.... Acesso em: 1 jul 2024.
Você certamente já viu pessoas “vaporando”, uma vez que vaporizadores e dispositivos de tabaco aquecido se tornaram muito populares. Não é preciso ser fumante ou sequer simpatizante deste hábito para falar de ciência, de saúde, de regulamentação e sobre o direito de escolha. É necessário apenas disposição para debater esses produtos que já são uma realidade no mercado brasileiro, apesar de ilegais e à margem da fiscalização sanitária. Oferecer opções aos consumidores de cigarros tradicionais que, sabidamente, se expõem a um risco potencial muitíssimo maior justamente pela falta de alternativas à disposição. Parar de fumar é a melhor escolha. Mas, além dessa, o que mais está sendo oferecido?
BASTOS, Alessandra. Artigo: regulamentar alternativas ao cigarro é questao de saúde pública. Exame, Rio Grande do Sul, 24 nov. 2021. Disponível em: https://exame.com/bussola/artigo-regulamentar-alternativas-ao-cigarro-e-.... Acesso em: 15 maio 2023.
A fabricante de cigarros Philip Morris contratou dois políticos profissionais para atuar em nome da empresa perante a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária): o pernambucano José Múcio Monteiro, ex-ministro do governo Lula e do TCU (Tribunal de Contas da União) e ex-deputado federal pelo PTB, e Cássio Cunha Lima (PSDB), ex-senador e ex-governador da Paraíba.
MILITAO, Eduardo; NEVES, Rafael. Fábrica de cigarros contrata políticos profissionais como lobistas. Uol, São Paulo, 15 out. 2021. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2021/10/15/philip-.... Acesso em: 15 maio 2023.
Um dos primeiros países a autorizar a comercialização de dispositivos que aquecem o tabaco para adultos fumantes, o Japão virou referência na adoção dessas novas tecnologias por fumantes. Apesar de 98% dos consumidores de tabaco aquecido já eram fumantes, Fernando Vieira, diretor de Assuntos Externos da Philip Morris, afirma que o produto não é porta de entrada para novos fumantes.
TABACO aquecido derruba a venda de cigarros no Japão. Folha de São Paulo, São Paulo, 1 nov. 2019. Disponível em: https://estudio.folha.uol.com.br/precisamosfalar/2019/11/1988478-tabaco-.... Acesso em: 26 jul. 2021.
Balanço da Philip Morris mostra como está o cigarro na covid-19 e diz que apesar dos prejuízos à saúde, o cigarro pode ser buscado como refúgio em momentos de grande nervosismo como o atual.
GODOY, Denise. Balanço da Philip Morris mostra como está o cigarro na covid-19. Exame, São Paulo, 15 abr. 2020. Disponível em: https://exame.com/negocios/balanco-da-philip-morris-mostra-como-esta-o-c.... Acesso em: 24 jul. 2020.
Uma análise de posts nas mídias sociais e influenciadores encontrou-se evidências que empresas de tabaco usam hashtags criativas como #StayAtHome# e fazem doações como máscaras com a marca de cigarros eletrônicos, vapes e produtos de tabaco aquecido.
HICKMAN, Arvind. "Big Tobacco' using Covid-19 messaging and influencers to market products. PRWeek, Reino Unido, 15 maio 2020. Disponível em: https://www.prweek.com/article/1683314/big-tobacco-using- covid -19-messaging-influencers-market-products. Acesso em: 17 jul. 2020.