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Influenciando a ciência

'''Financiamento de pesquisas, inclusive de pesquisas feitas em universidades'''.

"Lançar dúvidas sobre as evidências dos efeitos na saúde decorrentes do uso do tabaco."1.

A indústria fumageira tem um longo histórico de influência no debate científico sobre fumo e saúde. Dezenas de milhares de documentos internos da indústria, divulgados através de litígio judicial, revelam que a indústria, durante décadas, já sabia que seus produtos causavam câncer e dependências química e psicológica , ainda que tenha se recusado a admitir isso publicamente. Influenciar o debate científico tem sido uma estratégia deliberada da indústria. Veja em Hill & Knowlton (em inglês) e/ou Tobacco Industry Research Committee (em inglês). A indústria fumageira tem muitas metas neste campo, entre elas:

* Influenciar a agenda de pesquisas;
* Criar dúvidas sobre evidências, negando publicamente a relação entre fumo e câncer e o alto poder da nicotina na geração de dependência química;
* Desviar a questão da ligação causal entre fumo e câncer para uma série de outros temas, como doença hereditária, cigarros saudáveis ou condições climáticas internas (indoors).

Em última análise, influenciar a ciência tem como objetivo desconsiderar informações sobre os quais os gestores formulam políticas. E, ao criar incerteza em torno do debate sobre fumo e saúde, busca-se também reduzir o apoio público a tais ações regulatórias. 
Ao longo do tempo, as formas de influenciar a ciência tem se tornado mais sofisticadas. Numerosas táticas distintas, com uma ampla variedade de recursos, são empregadas:

* Influencing Science: Creating Doubt About Scientific Evidence: o exemplo da Imperial no Canadá (em inglês);
* Influencing Science: Commissioning Research and Reviews (em inglês);
Influencing Science: Ghost Writing (em inglês);
* Influencing Science: Funding Scientists, centros acadêmicos e revistas científicas (em inglês).

Algumas táticas não buscam apenas influenciar a ciência, mas convenientemente buscam outras finalidades. Um caso recente foi o da Philip Morris (em inglês) que empregou a Lei de Liberdade de Informação para se apropriar dos dados brutos de pesquisa da Stirling University's (em inglês) sobre o hábito de fumar entre os jovens. Esta ação serviu a inúmeros propósitos. E exigiu da Stirling Management School bastante energia, tempo e dinheiro para lidar com as requisições. A indústria tentava ter acesso a pesquisas que eram usadas para decidir sobre novas regulamentações. O ataque contra a Stirling University também evoluiu para campanhas difamatórias conduzidas por blogueiros pró-tabaco contra uma de seus pesquisadoras, Linda Bauld (em inglês).

Alguns aexemplos de influência no campo científico

* 11 de setembro de 2019: Fabricantes de cigarros eletrônicos preparam estreia no país2.

O   executivo escocês Grant O’Connell , chefe do departamento de pesquisas da gigante holandesa Fontem Ventures, subsidiária do grupo  Imperial Brands , maior fabricante de cigarros eletrônicos no mundo, esteve no Brasil para tentar convencer as autoridades de que, para o bem da saúde pública, seus dispositivos precisam ser liberados para importação, produção e venda no mercado nacional.

* 3 de setembro de 2018: Cigarro: estudo aponta porque é tão dificil parar de fumar3.

Notícia que versa sobre a fundação Foudation for a Smoke-free World e sua relação com o instituto Kantar public, que realizou uma pesquisa sobre as dificuldades quanto ao hábito de abondonar o fumo. A pesquisa foi feita em diversos países, dentro os quais o Brasil. Vale ressaltar que a Kantar Públic é mencionada como contradada para realizar a pesquisa em parceria com o a  Foudation for a Smoke-free World, segundo o próprio presidente da fundação, Derek Yach.

* 22 de agosto de 2018: Coordenador de Comunicação Científica da Philip Morris visita SLMANDIC4.

O coordenador de Comunicação Científica da Philip Morris, Nveed Chaudhary5, esteve em 22 de agosto de 2018, visitando a Faculdade São Leopoldo Mandic, em Campinas (SP), ao lado de Rafael Bastos, representante da PM no Brasil para conhecer a infraestrutura de laboratórios e o projeto pedagógico da Instituição e propor uma parceria entre a Faculdade e a Philip Morris para o desenvolvimento de  pesquisas na área de Redução de Danos à Saúde. Os executivos foram recebidos pelo Coordenador do curso de Medicina da Faculdade, Dr. Guilherme de Menezes Succi, pelo Diretor de pós-graduação e Pesquisa da Instituição, Dr. Marcelo Henrique Napimoga e pelos professores do curso de Medicina, Thiago Trapé e Giuliano Dimarzio.

 

A este respeito, ver também:

* Depreciar pesquisas científicas comprovadas

01/01/2020

Site de venda de cigarros eletrônicos com PERGUNTAS e respostas MAIS FREQUENTES SOBRE OS CIGARROS ELETRONICOS

Referência

 

01/01/2020

Os sistemas eletrônicos de liberação de nicotina e não nicotina (EN e NNDS) são uma classe heterogênea de produtos que usam uma bobina eletricamente acionada para aquecer e transformar um líquido em um aerossol, que é inalado pelo usuário. EN e NNDS não são inofensivos. Embora as consequências dos efeitos de longo prazo na morbidade e mortalidade ainda não tenham sido suficientemente estudados, EN & NNDS não são seguros para jovens, mulheres grávidas e adultos que nunca fumaram. Embora seja esperado que o uso de EN & NNDS nesses grupos possa aumentar seus riscos à saúde, fumantes adultas não grávidas que mudam completa e prontamente de cigarros de tabaco combustível para o uso de EN & NNDS não adulterado e adequadamente regulamentado podem reduzir seus riscos à saúde. Os Estados-Membros que decidem regulamentar EN & NNDS podem considerar, inter alia: regulamentar EN & NNDS que fazem alegações de saúde como medicamentos e dispositivos terapêuticos; proibição ou restrição de publicidade, promoção e patrocínio de EN & NNDS; minimizar os riscos à saúde para não usuários proibindo o uso de EN e NNDS em todos os espaços internos ou onde fumar é proibido; e limitar o nível e o número de sabores específicos permitidos em EN e NNDS para reduzir a iniciação por jovens.

Referência

 

19/12/2019

A era do cigarro eletrônico: ele faz menos mal para a saúde que o comum? A invasão dos cigarros eletrônicos reacende a discussão sobre como lidar com o tabagismo, sobretudo entre os mais jovens.

Referência

BERNARDO, André. A era do cigarro eletrônico: ele faz menos mal para a saúde que o comum? Veja Saúde, São Paulo, 19 dez. 2019. Disponível em: https://saude.abril.com.br/medicina/cigarro-eletronico-faz-menos-mal-para-a-saude-que-o-comum/. Acesso em: 19 mar. 2021.

 

19/12/2019

A era do cigarro eletrônico: ele faz menos mal para a saúde que o comum? A invasão dos cigarros eletrônicos reacende a discussão sobre como lidar com o tabagismo, sobretudo entre os mais jovens

Referência

 

 

14/12/2019

Mesmo proibido, cresce consumo de cigarro eletrônico Produto já pode ser facilmente encontrado em Maceió, por preços que variam de R$ 200 a R$ 400

Referência

 

11/09/2019

Clarissa de Oliveira e Manoela Bonaldo, participantes da terceira edição do Globo Lab Profissão Repórter, mostram a relação de agrotóxicos e depressão entre plantadores de fumo no Sul do país.

Fonte: https://globoplay.globo.com/v/7911780/

 

05/09/2019

A misteriosa doença ligada ao cigarro eletrônico que está 'se tornando uma epidemia' e intriga médicos. Segundo os médicos, pacientes, em geral saudáveis e no fim da adolescência, por volta dos 20 anos, estão aparecendo com falta de ar severa, geralmente após sofrerem vários dias com vômitos, febre e fadiga. Alguns acabaram na unidade de terapia intensiva ou no aparelho de respiração mecânica por semanas.

Referência

KAPLAN, Sheila; RICHTEL, Matt. A misteriosa doença ligada ao cigarro eletrônico que está 'se tornando uma epidemia' e intriga médicos. O Globo, São Paulo, 5 set. 2019. Disponível em: https://oglobo.globo.com/sociedade/a-misteriosa-doenca-ligada-ao-cigarro-eletronico-que-esta-se-tornando-uma-epidemia-intriga-medicos-23929041?utm_source=WhatsApp&utm_medium=Social&utm_campaign=compartilhar Acesso em: 19 jun. 2020.

 

04/09/2019

o cardiologista Stanton Glantz afirmou que o governo brasileiro é um exemplo pelas políticas públicas que conduziu para desestimular o consumo de cigarros. Também alertou sobre as pressões atuais para a autorização da venda de cigarros eletrônicos. Neste momento, o assunto está em discussão na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Referência

CONTAIFER, Juliana. “Brasil é exemplo no combate ao fumo”, diz especialista internacional. Metrópoles, Brasília, 4 set. 2019. Disponível em: https://www.metropoles.com/saude/brasil-e-exemplo-no-combate-ao-fumo-diz-especialista-internacional . Acesso em: 29 jun. 2020.

 

18/08/2019

Este artigo insere-se nas discussões da Economia Industrial, tendo como objeto de estudo a Indústria de Tabaco no Brasil. O objetivo foi fazer uma caracterização do setor industrial de tabacos no Brasil, com base na Teoria de Estrutura-Conduta-Desempenho (ECD), sendo este um ponto de partida para a construção do estado da arte setorial. A metodologia deu-se a partir de um levantamento bibliográfico e histórico de informações sobre a estruturação deste setor, a relação com as atuais políticas regulatórias do consumo e produção. Ainda, utilizaram-se os dados da Pesquisa Industrial Anual e RAIS para construção de indicadores estruturais do mercado. Por fim, construíram-se dossiês corporativos da conduta das principais empresas multinacionais mediante a consulta dos relatórios anuais para investidores, artigos acadêmicos e jornalísticos. Os resultados mostraram que há um movimento de redução da fabricação de cigarros em paralelo à redução na concentração das quatro maiores concorrentes; desenvolvimento de novos produtos para enfrentamento de regulações e significativas barreiras à entrada na indústria de tabaco brasileira

Fonte: https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:_M3yVDCv9yYJ:https://www.ufsm.br/app/uploads/sites/533/2019/05/ORGANIZA%25C3%2587%25C3%2583O_DA_IND%25C3%259ASTRIA_BRASILEIRA_DE_TABACO_PELO_MODELO.pdf+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br

 

12/08/2019

Fruto de uma parceria entre a Faculdade São Leopoldo Mandic e a o IPADS – Instituto de Pesquisa e Apoio ao Desenvolvimento Social -, foi realizado em Maio de 2019 o I Seminário Internacional de Políticas de Redução de Danos (RD). O resultado foi um vibrante encontro entre profissionais nacionais e internacionais e uma plateia ativa que discutiu a importância da abordagem da RD como estratégia de atendimento a dependentes químicos. Foi levantada também a importância de se incluir novas perspectivas ao cenário já estabelecido como, por exemplo, a inclusão desta estratégia às políticas públicas relacionadas ao tabagismo. Três temas estruturais foram abordados: Evidências clínicas na prática de RD; Marcos regulatórios para RD e tabaco e experiências internacionais sobre RD e tabaco.

Referência

SEMINÁRIO Internacional de Políticas de Redução de Danos. Direta, São Paulo, 20 jun. 2021. Disponível em: https://www.direta.org/seminario-internacional-de-politicas-de-reducao-d.... Acesso em: 29 ago. 2022.

 

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