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Táticas publicitárias e marketing

Globalmente, a indústria do tabaco gasta bilhões de dólares em publicidade, patrocínio e promoção. Como as restrições à publicidade tornaram-se mais rigorosas, a indústria precisou achar novas maneiras de anunciar seus produtos, empregando patrocínio e diferentes tipos de promoção.1.

Contexto

“Como posso vender a morte?"

Fritz Gahagan, ex-consultor de marketing de cinco empresas de tabaco teve um ''insight'' sobre o dilema enfrentado por estas empresas no final dos anos 1980. "O problema é como vender a morte? Como você vende um veneno que mata 350 mil pessoas por ano, mil pessoas ao dia? Você faz isso com os grandes espaços abertos... as montanhas, os locais ao ar livre, os lagos chegando à costa. Eles fazem isso com jovens saudáveis. Eles fazem isso com os atletas. Como uma baforada de cigarro poderia fazer mal em uma situação como esta? Não poderia, pois existe muito ar puro, muita saúde _ tudo exalando uma atmosfera de juventude e vitalidade _ ; é dessa forma que eles vendem a morte. 2

Propaganda funciona para todas as outras indústrias

A indústria do tabaco sempre argumentou que a publicidade pró-tabaco tem como objetivo construir lealdade à marca, e não tentar convencer os jovens a fumar, ou fumantes a continuar e não abandonar o vício.

Contudo, outras pessoas do ramo da publicidade têm refutado esta argumentação categoricamente. 

O publicitário Emerson Foote, ex-presidente do conselho de administração da McCann-Erickson (Agência de Publicidade transnacional), que movimentou em suas contas R$20 milhões em vendas de tabaco, afirma que: "A indústria do cigarro habilidosamente tem sustentado que a publicidade de cigarros nada tem a ver com as vendas totais. Isso é um absurdo completo. Eu sempre me surpreendi com a afirmação de que a publicidade, uma função que tem demonstrado aumentar o consumo de praticamente qualquer produto, de algum modo fracassaria em promover os produtos derivados do tabaco. 3.

No final da década de 1980, David Abbott, presidente da agência de publicidade Abbott Mead Vickers, afirmou:

"Eu creio que argumentos como troca de marcas são rematadas tolices. Não existe outra categoria de produtos onde você possa gastar entre 90 e 130 milhões de euros sem qualquer efeito na proteção ou aumento do mercado.  são apenas um insulto pois são argumentos superficiais. Não há outra categoria de produto que você gaste entre £ 70 milhões e £ 100.000.000 e não tenha um efeito na proteção ou aumento da sua parcela no mercado. Acho que a publicidade certamente tem alentecido a taxa de declínio do consumo. Não há dúvidas de que ajudou a formar novos fumantes, sejam eles mulheres ou do Terceiro Mundo. A outra coisa que penso sobre a publicidade do cigarro é que ela cria uma situação mais difícil para a educação em saúde na medida em que torna a atitude do Estado mais ambivalente. 4

A ligação entre consumo e propaganda

Dr. Clive Smee, economista-chefe do Departamento de Saúde, publicou o estudo mais abrangente da relação entre publicidade e consumo de tabaco, em 1992, e concluiu que: "As evidências apóiam a conclusão de que a publicidade tem um efeito positivo sobre consumo". 

Analisando o impacto da proibição da publicidade que tinha sido introduzida na época, Smee concluiu: "Em cada caso, a proibição da publicidade foi seguida por uma queda no tabagismo em uma escala que não pode ser razoavelmente atribuída a outros fatores." 5.
 
Smee só fez comunicar o que a indústria já sabia, mas raramente admitira publicamente.

Em 1987, por exemplo, a revista ''Tobacco International'' publicou um artigo sobre o consumo de cigarros na Grécia, afirmando que "o aumento do consumo de cigarros é basicamente devido à publicidade". Dois meses depois, a Philip Morris respondeu, afirmando que "o posicionamento da indústria sobre a publicidade é a de que ela pode influenciar a escolha de uma marca em detrimento de outra, mas não tem efeito sobre o consumo. [...] Estou certo de que a afirmação em questão foi um mero equívoco, mas no atual clima de tentativas de proibir a publicidade  do cigarro em quase todos nossos principais mercados, certamente não será nada proveitoso se os críticos puderem citar uma publicação sobre o comércio de tabaco para apoiar suas alegações". 6

Uma década mais tarde, Gareth Davies, o então chefe-executivo da Imperial Tobacco, ao comentar a proposta sobre a proibição de publicidade proposta no Reino Unido, disse: "Obviamente, eu sou contra qualquer coisa que busque reduzir o consumo de um produto legal que é usado por adultos."7

Usando os esportes

A razão para patrocínio esportivo também foi revelada por um executivo da RJ Reynolds no final dos anos 1980: "Nós estamos no negócio de cigarro. Nós não estamos no negócio de esportes. Usamos o esporte como um caminho para a publicidade de nossos produtos ... Nós podemos entrar em uma área em que nós promovemos um evento, medir vendas durante e após o mesmo, e constatar um aumento nas vendas ". 8.
 
A indústria do tabaco tem tido uma longa e estreita relação com as corridas de Formula-1. Em meados dos anos 1980, Barrie Gill, executivo-chefe do Championship Sports Specialists Ltd., uma empresa de patrocínio esportivo, explicou o porquê: "É o esporte ideal para o patrocínio. Tem cobertura televisiva internacional e glamour. É uma atividade de 10 meses com 16 corridas em 14 países com pilotos de 16 nacionalidades . Depois do futebol é o esporte multinacional Número Um. Tem uma exposição total global, cobertura total média e 600 milhões de pessoas assistindo a TV a cada corrida. ... É testosterona, é frenesi, é cor, é internacional e tem glamour Eles estão lá para ter visibilidade. Eles estão lá para vender cigarros ". 9

Em junho de 2012, o jornal ''The Guardian'', no Reino Unido, informou sobre o endosso da celebridade do futebol Inglês e do Manchester United Rio Ferdinand, em relação à criação do canal Gudang Garam Intersport (veja Gudang Garam e apoio aos esportes) 10 (em inglês), da indústria Gudang Garam, uma empresa fumageira da Indonésia.

Proibição da publicidade

Em tese, toda a publicidade do tabaco agora é ilegal no Reino Unido e em muitos outros países. No Reino Unido, o Tobacco Advertising & Promotion Act 2002 foi promulgado em novembro de 2002, o que proibiu mais publicidade até fevereiro de 2003 e os patrocínios até Julho de 2005.
O Reino Unido é também um partido para a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco da Organização Mundial de Saúde, o primeiro tratado global de saúde pública do mundo. O artigo 13 do Tratado requer que as Partes implementem e apliquem a proibição total da publicidade do tabaco dentro de cinco anos após a ratificação da CQCT. 11.
  
O governo do Reino Unido está considerando a possibilidade de implementar uma política de embalagem genérica de cigarros plain packaging (em inglês), documentos da indústria mostram que as embalagens são usados ​​como uma ferramenta-chave de marketing. 12 O governo Inglês também introduziu recentemente a proibição da propaganda nos pontos de venda de cigarro (veja Point of Sale Display Ban) (em inglês).

Uma importante medida de controle do tabaco

Em 2006, um artigo científico na revista indexada ''Tobacco Control''  observou que "proibir a propaganda dos produtos fumígenos no ponto de venda é uma importante fronteira no controle internacional do tabaco."13.

Em dezembro de 2008, o então secretário para a Inglaterra Alan Johnson disse que iria adotar a Proibição de Publicidade de cigarros em Pontos de Venda, por ter ficado impressionado com a evidência proveniente de outros países, como Islândia e Canadá, onde a prevalência do fumo entre jovens foi reduzida em até 10% desde que a medida fora introduzida. O então Conselheiro para Saúde Pública (Chief Medical Officer) do governo inglês, Professor Sir Liam Donaldson, classificou a medida como "outro passo na estrada rumo à vitória sobre as doenças relacionadas ao fumo".
    
Johnson disse que os supermercados seriam os primeiros a serem solicitados a remover suas peças promocionais até outubro de 2011, ficando as pequenas lojas obrigadas a fazê-lo em 2013.14.

Prazos Prorrogados

Em  março de 2011, a coalizão governamental anunciou que os prazos seriam prorrogados até abril de 2012 e abril de 2015, respectivamente, em parte devido a pressões da indústria e a uma batalha jurídica envolvendo a British American Tobacco (BAT), Imperial Tobacco, Philip Morris International (PMI) and Japan Tobacco International (JTI).15 16.

Em dezembro de 2011, as quatro empresas acima citadas desistiram das ações judiciais. A Ministra de Saúde Pública Anne Milton disse: "Remover a publicidade de cigarros de lojas irá ajudar a deter o tabagismo juvenil e beneficiar fumantes que desejam abandonar o vício. Remover esta barreira legal é uma vitória para a saúde pública."17.
A Associação de Imprensa também citou Sarah Woolnough, diretor de políticas do Cancer Research UK: 
"Estávamos confiantes de que a indústria fumageira iria perder a causa porque a evidência mostra que vender cigarros junto com balas e snacks faz eles se assemelharem a um produto qualquer e não como uma droga letal ou viciante. Promover ações legais para tentar deter políticas para reduzir o fumo apoiadas por profissionais de saúde é uma tática-padrão da indústria fumígena. A ameaça destas ações judiciais tem retardado iniciativas para remover a publicidade do fumo em outras partes do Reino Unido". 

Proibição de Publicidade na Escócia sem data para acontecer

Em março de 2012, it was revealed that the introduction of a tobacco display ban in Scotland had been delayed indefinitely due to a last-minute decision by Imperial Tobacco to challenge the proposed measures in the Supreme Court. Imperial claims the measures in the Tobacco and Primary Medical Services (Scotland) Act 2010 were outside the scope of the Scottish parliament's legislative powers because of sales of goods are the responsibility of the Westminster parliament. Scotland's Public Health Minister Michael Matheson said he was "disappointed" and that the government would "continue to defend legislation". 18.

Venda de cigarros cai antes da proibição da publicidade

No fim de março de 2012, a revista Grocer informou que a Imperial Tobacco tinha "revelado que as vendas de tabaco haviam sofrido um duro golpe nas lojas que já haviam removido seus quiosques de cigarros". O Gerente Geral de Vendas da Imperial no Reino Unido, Amal Pramanik disse que as vendas em lojas que já estavam observando a proibição caíram aproximadamente em 3%. 19.

"Agora não faz mais sentido estocar novas marcas"

No início de abril de 2012, a revista Retail Newsagent mostrou as primeiras reações à Proibição de Publicidade. O subgerente de uma loja independente, a Fisher's, na Gerrards Cross, disse: "Não faz mais qualquer sentido estocar novas marcas se ninguém pode vê-las". 20.

Outros tipos de propaganda

*Com foco no sexo feminino (em inglês)

*Contornando a proibição de publicidade (em inglês)

A este respeito, ver também:

* Tática RSC;
* Táticas midiáticas;
* Táticas online;
* Táticas educativas.

 

30/04/2025

Background Despite marketing prohibitions, tobacco company marketing expenditures in the USA have continued to grow with tobacco companies shifting focus towards point-of-sale-marketing and direct marketing to consumers through the mail and on the web. The purpose of this observational study was to investigate the content of direct marketing sent in response to registrations on select industry websites. Methods An analysis of 659 tobacco company direct mail marketing pieces received between July 2011 and June 2012 was conducted. Mailings were coded for type and value of tobacco coupons, type of tobacco products promoted with coupons and number and type of giveaways offered. Results The most common type of mailing was tobacco coupon distribution; 86.5% of the mailings contained at least one coupon. Mailings with coupons had an average estimated coupon value of $4.17. The total coupon value of each mailing varied by the type of coupon offer and product promoted. The Camel and Marlboro coupon mailings heavily promoted snus, with over half of Camel coupon mailings (60.9%) and nearly half (44.8%) of Marlboro coupon mailings promoting snus alone. In addition, 47.9% of Marlboro coupon mailings and 11.4% of Camel mailings promoted snus alongside cigarettes. Discussion Tobacco companies use direct mail marketing to communicate with consumers and provide valuable tobacco coupons. More research is needed to understand the content of these mailings and how they are used by tobacco consumers in order to develop effective policy solutions

Referência

BROCK Betsy; SCHILLO, Barbara; MOILANEN, Moly. Tobacco industry marketing: an analysis of direct mail coupons and giveaways. Tobacco Control, v. 24, p. 505-508. 2015. Disponível em: https://tobaccocontrol.bmj.com/content/tobaccocontrol/24/5/505.full.pdf?.... Acesso em: 30 abr. 2025.

 

 

30/04/2025

Objectives: To examine the concurrent effects of exposure to movie smoking and tobacco marketing receptivity on adolescent smoking onset and progression. Methods: Cross-sectional study of 4524 northern New England adolescents aged 10–14 in 1999 with longitudinal follow-up of 2603 baseline never-smokers. Cross-sectional outcomes included ever tried smoking and higher level of lifetime smoking among 784 experimenters. The longitudinal outcome was onset of smoking among baseline never-smokers two years later. Movie smoking exposure was modelled as four population quartiles, tobacco marketing receptivity included two levels— having a favourite tobacco advert and wanting/owning tobacco promotional items. All analyses controlled for sociodemographics, other social influences, personality characteristics of the adolescent and parenting style. Results: In the full cross-sectional sample, 17.5% had tried smoking; both exposure to movie smoking and receptivity to tobacco marketing were associated with having tried smoking. Among experimental smokers, the majority (64%) were receptive to tobacco marketing, which had a multivariate association with higher level of lifetime smoking (movie smoking did not). In the longitudinal study 9.5% of baseline never-smokers tried smoking at follow-up. Fewer never-smokers (18.5%) were receptive to tobacco marketing. Movie smoking had a multivariate association with trying smoking (receptivity to tobacco marketing did not). Conclusions: The results suggest separate roles for entertainment media and tobacco marketing on adolescent smoking. Both exposures deserve equal emphasis from a policy standpoint.

Referência

SARGENT, J.D.; GIBSON, J.; HEATHERTON, T.F. Comparing the effects of entertainment media and tobacco marketing on youth smoking. Tobacco Control, v. 18, p. 47-53. 2009. Disponível em: https://tobaccocontrol.bmj.com/content/tobaccocontrol/18/1/47.full.pdf. Acesso em: 30 abr. 2025.

 

 

30/04/2025

In recent years a movement has spread across the USA to designate colleges 100% tobacco-free in an effort to reduce tobacco use and exposure to tobacco marketing among college students. As of January 2016, there are over 1000 tobacco-free campuses within the US. Although federal policies restrict tobacco companies from marketing their products to those under 18 years of age, tobacco industry documents show that they actively target young adults aged 18 years, their youngest legal demographic, through a variety of methods.

Referência

HERRERA, Ana; KREITZBERG, Daniel; LOUKAS, Alexandra, et al Tobacco-free but not tobacco industry free. Tobacco Control, v. 27,p. 716. 2018. Disponível em: https://tobaccocontrol.bmj.com/content/tobaccocontrol/27/6/716.full.pdf?.... Acesso em: 30 abr. 2025.

 

 

28/04/2025

Background Cigarette packs are a form of advertising that distributes brand information wherever smokers go. In the 21st century, tobacco companies began using onserts on cigarette packs to communicate new advertising messages to smokers. Methods We reviewed tobacco industry documents dated 1926 to 2017 to identify how the tobacco industry developed and used onserts in marketing and to serve the industry’s political and legal objectives. Results Onserts added to cigarette packs became a more cost-effective way for brands to market in the year 2000. Manufacturers then began studying them, finding that new messages were appealing, while repeated messages were ignored. By 2005, tobacco companies were using onserts to effectively communicate about new tobacco products and packaging changes. They also used repeated ’corporate responsibility’ messages that were, according to the industry’s own research, likely to be ignored. Conclusions Tobacco companies have expanded on cigarette pack-based advertising. Twenty-first century onserts simultaneously seek to increase sales using materials that are novel, attractive and provide independent value, while undercutting public health messages about the risks of tobacco use using materials that repeat over time and are comparatively unattractive. Health authorities can use this industry research to mandate onserts to communicate effective health messages

Referência

DORIE, Apollonio; STANTON, Glantz. Marketing with tobacco pack onserts: a qualitative analysis of tobacco industry documents. Tobacco Control, 2019; v. 28, p. 274-281. Disponível em: https://tobaccocontrol.bmj.com/content/tobaccocontrol/28/3/274.full.pdf. Acesso em: 28 abr. 2025.

 

28/04/2025

Background/aim: Argentina has one of the highest cigarette smoking rates among both men and women in the Americas and no legislated restrictions on tobacco industry advertising. The tobacco industry has traditionally expanded markets by targeting adolescents and young adults. The objective of this study was to determine whether and how the tobacco industry promotes cigarettes to adolescents in Argentina. Methods: We conducted a systematic search of tobacco industry documents available through the internet dated between 1995 and 2004 using standard search terms to identify marketing strategies in Argentina. A selected review of the four leading newspapers and nine magazines with reported high readership among adolescents was completed. The selected print media were searched for tobacco images and these were classified as advertisements if associated with a commercial product or as a story if not. Results: The tobacco industry used market segmentation as a strategy to target Argentinean consumers. British American Tobacco (BAT) undertook a young adult psychographic study and classified them as ‘‘progressives’’, ‘‘Jurassics’’ or ‘‘conservatives’’ and ‘‘crudos’’ or ‘‘spoiled brats’’. BAT marketed Lucky Strike to the ‘‘progressives’’ using Hollywood movies as a vehicle. The tobacco industry also targeted their national brands to the conservatives and linked these brands with ‘‘nationalistic values’’ in advertising campaigns. Philip Morris promoted Marlboro by sponsoring activities directed at young people and they launched the 10 cigarettes packet as a starter vehicle. Conclusions: The tobacco industry used psychographic segmentation of the population and developed advertising strategies focused on youth. Tobacco control researchers and advocates must be able to address these strategies in counter-marketing interventions.

Referência

Braun S, Mejia R, Ling PM, et al. Tobacco industry targeting youth in Argentina. Tobacco Control, 2008; v. 17, p. 111-117. Disponível em: https://tobaccocontrol.bmj.com/content/tobaccocontrol/17/2/111.full.pdf. Acesso em: 28 abr. 2025.

 

 

28/04/2025

O tabagismo é tratado como epidemia, responsável número um pelas mortes evitáveis no mundo, levando milhões de fumantes, inclusive fumantes passivos, a óbito anualmente. Também é considerado uma doença pediátrica, posto que a experimentação do cigarro inicia, em média, na faixa etária dos 16 anos, principalmente entre adolescentes do sexo masculino. Esta experimentação prematura pode estar vinculada à exposição de crianças e adolescentes ao tabaco, ao conviver com fumantes, ou pela própria exposição ao produto nos pontos de venda. Nesse contexto, outro aspecto alarmante é a crescente popularização dos DEF (Dispositivos Eletrônicos para Fumar), falsamente propagado como alternativa mais saudável ao cigarro tradicional, atualmente o produto derivado do tabaco mais comum entre os jovens, ainda que sua comercialização seja proibida no Brasil. Diante desse cenário, a presente pesquisa objetivou analisar a exposição dos produtos derivados de tabaco em pontos de venda localizados no entorno das escolas de ensino fundamental e médio, em Uberlândia - MG. Para tanto, foram selecionadas as cinco maiores escolas públicas, em relação ao número de estudantes matriculados, e foi realizada uma pesquisa por observação dos pontos de venda no entorno dessas escolas (até três quarteirões de distância). O roteiro de observação foi adaptado das pesquisas anteriormente conduzidas por Pereira e Oliveira (2014) e Feijó (2015). Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva. Constatou-se que a exposição nos pontos de venda é ostensiva, mas sem diversificação de estratégias de comunicação (devido ao acirramento da legislação em vigor), frequentemente visível para crianças e predominantemente próxima a produtos atrativos para esse público. Durante a observação, não foram encontrados vapers, embora o pesquisador tenha sido direcionado para quem os vendia. Foi possível observar alguns adolescentese jovens utilizando esse produto na saída das escolas, mas não em número expressivo, o que pode indicar que muitos deles, mesmo sendo usuários, tenham receio ou constrangimento de usar os vapers em público, por serem menores de idade e por saberem se tratar de um produto ilegal. Sugere-se que pesquisas futuras possam trabalhar com essa ampliação do escopo e locais de observação, como terminais de ônibus, além de utilizar outras metodologias e abordar questões relevantes como a renda dos consumidores dos cigarros eletrônicos.

Referência

LIMA, Guilherme Henrique de. Incentivo ao tabagismo na infância e adolescência: Um estudo dos pontos de venda e do mercado ilegal. 2024. 45 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Administração) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2024. Disponível em: https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/44166/1/IncentivoTabagism.... Acesso em: 28 abr. 2025. 

 

28/04/2025

O consumo de cigarros e das substâncias a ele agregadas pode trazer prejuízos não apenas à saúde dos usuários, mas, também, àquelas pessoas que, passivamente, absorvem os resíduos decorrentes da queima do produto. Em função disso, o tabagismo tem sido uma questão amplamente discutida, tanto no Brasil como em diversas partes do mundo. Esta pesquisa teve por objetivo geral descrever e analisar a percepção de fumantes e de não fumantes, residentes no estado de Minas Gerais, em relação às ações de marketing social implementadas pelos órgãos governamentais, visando à prevenção e ao desincentivo do hábito de fumar. Para responder a este objetivo, foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos: a) Identificar os fatores que motivam o início da utilização do tabaco; b) Identificar os grupos de referência que influenciam o uso do tabaco; c) Identificar qual a percepção dos fumantes e dos não fumantes sobre os efeitos fisiológicos do tabaco; d) Identificar qual a percepção dos fumantes e dos não fumantes sobre os efeitos sociais decorrentes do uso do tabaco; e) Analisar a percepção dos fumantes e dos não fumantes a respeito da legislação que inibe o ato de fumar; e f) Analisar a percepção dos fumantes e dos não fumantes acerca das campanhas antitabagistas realizadas pelo governo. A pesquisa foi realizada em duas etapas: a primeira, de abordagem qualitativa, e a segunda, quantitativa, permitindo a triangulação dos dados. A etapa qualitativa foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas, constituídas de 24 questões, aplicadas a 12 sujeitos, residentes no estado de Minas Gerais, com idades a partir de 18 anos. A partir dos resultados da pesquisa qualitativa, elaborou-se um questionário, constituído por 42 questões descritivas e sociodemográficas e 50 questões em escala Likert. Os questionários foram disponibilizados por meio físico e online. Obteve-se um total de 426 questionários coletados, que foram filtrados, chegando-se a uma amostra de 296 questionários válidos. Para a análise de conteúdo das entrevistas semiestruturadas, considerou-se as seguintes dimensões, que estão de acordo com a literatura correlata: motivação e grupos de referência, efeitos fisiológicos e sociais e campanhas. Na etapa quantitativa, os dados foram tabulados e submetidos à análise por meio de estatística descritiva e análise fatorial. O modelo da análise fatorial apresentou melhor ajuste com a extração de quatro fatores: saúde, aspectos sociais, grupo de referência, campanhas e ações impositivas. Com os resultados da pesquisa, foi possível inferir que os grupos de referência exercem significativa influência para que os sujeitos experimentem cigarros e tornem a prática um hábito. Em relação aos fatores fisiológicos, observou-se que os respondentes possuem conhecimentos sobre os malefícios causados pelo tabagismo, mas isso não é suficiente para que cessem o hábito de fumar. Segundo o discurso dos entrevistados, os fatores sociais não exercem forte influência para que parem de fumar, contudo, esses relatam que são discriminados em determinados ambientes. Sobre as campanhas governamentais, identificou-se que os apelos visuais, de forma isolada, não são eficientes para inibir o ato de fumar. Algumas das campanhas foram referidas como apelativas e pouco informativas. Ainda, alguns entrevistados disseram ignorar as mensagens antitabagismo, afirmando que são muito agressivas e que, às vezes, parecem falsas.

Referência

PEREIRA, Maria Izabel Ramos. Análise das estratégias de marketing social na prevenção e desincentivo do consumo de cigarro. 2015. Dissertação (Mestrado em Administração) - Centro Universitário UniHorizontes, Belo Horizonte, Minas Gerais, 2017. Disponível em: https://mestrado.unihorizontes.br/en/analise-das-estrategias-de-marketin.... Acesso em: 28 abr. 2025.

 

28/04/2025

As empresas de tabaco não estão desistindo de fisgar a próxima geração de fumantes—elas continuam direcionando o marketing de cigarros para os jovens, não importa o quanto o neguem. Mas, agora, elas também estão mirando os jovens com produtos novos e viciantes, como cigarros eletrônicos e produtos de tabaco aquecidos. Desenhos elegantes, sabores de doces, lojas de varejo estilosas, influenciadores de mídias sociais e patrocínios esportivos são todos parte da estratégia moderna da indústria para atrair jovens usuários ao vício. Elas dizem que esses produtos eletrônicos são mais seguros. Assim como disseram que os cigarros filtrados e “light” eram mais seguros, embora as evidências acabaram por provar que eles não eram menos prejudiciais do que os cigarros normais.

Referência

VÍCIO moderno: fisgando a próxima geração. STOP, [s.l.], 2025. Disponível em: https://exposetobacco.org/pt/vicio-moderno/. Acesso em: 12 maio 2025.

 

28/04/2025

A Philip Morris International (PMI) gastou milhões de dólares para dizer ao público que deseja alcançar um “mundo sem fumo”. Pesquisadores da STOP analisaram essa afirmação e fizeram duas perguntas: 1. As ações da PMI correspondem a sua retórica? 2. Devemos confiar na PMI para reduzir os danos da epidemia de tabagismo que ela causou? Por meio de nossa extensa pesquisa de informações publicamente disponíveis, dados de analistas do setor e documentos corporativos, concluímos que a PMI está viciando as pessoas em seu produto IQOS porque seu negócio de cigarros está sob ameaça. A sobrevivência da empresa depende de fisgar uma nova geração de usuários, incluindo jovens, em seus produtos.

Referência

VÍCIO a qualquer custo: Verdade sobre a Philip Morris International. STOP, [s.l.], 2025. Disponível em: https://exposetobacco.org/pt/vicio-a-qualquer-custo/. Acesso em: 12 maio 2025.

 

28/04/2025

O uso de cigarros eletrônicos tem se expandido rapidamente entre jovens, impulsionado por estratégias de marketing agressivas, a ampla disponibilidade de sabores atrativos e a percepção equivocada de que representam uma alternativa segura ao tabagismo tradicional. No entanto, estudos recentes apontam preocupações significativas em relação aos impactos desse hábito na saúde e no comportamento dos adolescentes e jovens adultos. Este estudo teve como objetivo revisar a literatura sobre os efeitos do uso de cigarros eletrônicos na população jovem, com ênfase nos aspectos físicos, comportamentais e sociais. A revisão foi realizada nas bases de dados SciELO, PubMed e Lilacs, considerando artigos publicados entre 2013 e 2023. Os achados indicam que o consumo de cigarros eletrônicos pode levar à dependência de nicotina, com impacto no desenvolvimento neurológico, além de estar associado a doenças pulmonares, como a lesão pulmonar associada ao uso de produtos de vaping (EVALI). Além disso, há evidências de que o vaping pode influenciar mudanças comportamentais, incluindo aumento da impulsividade e maior predisposição ao uso de outras substâncias, como cigarros convencionais e drogas ilícitas. Diante desses riscos, conclui-se que medidas regulatórias mais rígidas, campanhas educativas e programas de prevenção são fundamentais para conter o crescimento desse hábito entre jovens. A restrição da comercialização, o controle da publicidade e a ampliação da fiscalização sobre a venda desses produtos são estratégias essenciais para reduzir os danos à saúde pública e evitar a normalização do uso de cigarros eletrônicos entre adolescentes.

Referência

SALES, Lucas Marques de Abreu; GOBIRA, David Magno; LUZ, Eduardo Feres; MAROSO, Mailine Mara Silva. Uso de cigarros eletrônicos entre jovens: implicações para a Saúde Pública. Lumen et Virtus, [s.l.], v. 16, n. 45, p. 937–946, 2025. Disponível em: https://periodicos.newsciencepubl.com/LEV/article/view/3235/3997. Acesso em: 28 abr. 2025.

 

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