É necessário lidar com uma verdade factual deste tempo. Assistimos, tal como em um reality show, à realidade de uma escalada da popularização dos cigarros eletrônicos. Eles estão cada vez mais presentes em festas, lares, na saída das escolas e nos espaços públicos, consumidos especialmente pelas novas gerações. Também virou assunto na edição 24 do Big Brother Brasil, da Rede Globo: duas participantes (a modelo Yasmin Brunet e a influencer Vanessa Lopes) mencionaram sobre a sensação de crise de abstinência pela falta do vape — um dos tipos mais conhecidos entre os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs).
LALONI, Mariana. Em reality show, assistimos à realidade da escalada do vape e seus perigos. Veja, São Paulo, 22 jan. 2024. Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/letra-de-medico/em-reality-show-assisti.... Acesso em: 7 out. 2024.
O número de brasileiros que consomem regularmente dispositivos eletrônicos para fumar cresceu nos últimos anos. Uma pesquisa recente do Ipec, com dados de 2023, mostra que 2,9 milhões consomem os vapes no país. O número é cinco vezes maior do que o divulgado na pesquisa feita no ano anterior, quando 2,2 milhões de brasileiros afirmaram consumir os dispositivos. O consumo cresce no Brasil mesmo em meio à proibição da Anvisa e preocupa especialistas, já que os dispositivos eletrônicos para fumar são proibidos no país desde 2009. A Agência está com uma consulta pública aberta até o próximo dia 9 de fevereiro, onde a população pode defender a regulamentação dos dispositivos para fumar, o que já é uma realidade em cerca de oitenta países. Para o pneumologista Rodolfo Behrsin, os cigarros eletrônicos regulamentados seriam uma garantia a mais aos consumidores. “São produtos que eles reduzem bastante a toxicidade quando a gente compara com o cigarro tradicional. Diferente de produtos que não tem essa certificação – esses, sim, são produtos feitos sem nenhum critério sanitário, sem higiene.”
QUASE três milhões de brasileiros consomem cigarros eletrônicos, diz Ipec: Pesquisa aponta 2,9 milhões de consumidores no Brasil. Número é cinco vezes maior do que em 2022. CNN Brasil, São Paulo, 22 jan. 2024. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/quase-tres-milhoes-de-brasileiros-.... Acesso em: 29 jan. 2024.
Em entrevista à GloboNews neste domingo (21), a médica pneumologista Margareth Dalcomo fez um alerta sobre o uso de cigarros eletrônicos. "Temos atendido adolescentes de 15, 16 anos, com danos nos pulmões que estamos acostumados a ver em pessoas que fumam há 40, 50 anos".
CIGARROS eletrônicos: relatório da OMS mostra queda no consumo de tabaco. GloboNews [Instagram], [s.l.], 21 jan. 2024. Disponível em: https://www.instagram.com/reel/C2XnNJntUeN/. Acesso em: 29 jan. 2024.
A Consulta Pública da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre a manutenção da proibição dos cigarros eletrônicos no país já conta com mais de 16 mil participações. O período para a população opinar vai até o dia 09 de fevereiro, às 23h59min. Apesar da ampla participação, apenas cerca de 25% do público finalizou o questionário e validou a resposta até a última sexta-feira, 12. Para que o posicionamento seja contabilizado é preciso enviá-lo sendo possível inclusive salvá-lo para fins de comprovação. As sugestões devem ser enviadas eletronicamente por meio do preenchimento de formulário eletrônico específico, disponível no site oficial da agência.
CONSULTA Pública sobre cigarros eletrônicos já conta com mais de 16 mil participações. Olá Jornal, Rio Grande do Sul, 20 jan. 2024. https://olajornal.com.br/consulta-publica-sobre-cigarros-eletronicos-ja-...
Apesar da proibição dos cigarros eletrônicos no Brasil, a Fiemg estima que o país tenha hoje cerca de 3,3 milhões de usuários. Diante desse universo, se o setor de fumo nacional assumir a produção e a distribuição dos dispositivos de maneira legalizada, o faturamento é estimado na casa dos R$ 16 bilhões.
REGULAMENTAÇÃO de cigarros eletrônicos pode arrecadar R$ 2,2 bi: Cerca de 115 mil empregos (formais e informais) seriam criados, a maioria (cerca de 55 mil) na agricultura. MoneyReport, 18 jan. 2024. Disponível em: https://www.moneyreport.com.br/economia/regulamentacao-de-cigarros-eletr.... Acesso em: 29 jan. 2024.
Apesar da proibição de comercialização no Brasil, os últimos anos têm demonstrado um notável aumento no consumo dos vapes, os cigarros eletrônicos. De acordo com um levantamento realizado pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), mais de 2 milhões de brasileiros utilizam esse dispositivo. Além disso, o Google Trends mostrou que, entre 2021 e 2023, as pesquisas por “cigarro eletrônico” aumentaram mais de 1.150% no país.
5 razões que tornam o cigarro eletrônico tão prejudicial quanto o comum. Terra , São Paulo, 18 jan. 2024. Disponível em: https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/videos/5-razoes-que-tornam-.... Acesso em: 14 out. 2024.
Uma mulher senta-se em uma cadeira e fala diretamente para a câmera com um tom sério e sincero. “Todos podemos ver que as evidências mostram que o vape ajuda os fumantes a parar, que o vape não está criando uma epidemia entre os jovens, que o vape não leva ao fumo, que os sabores são básicos e que a nicotina não é ruim.” Seu nome é Jessica Harding, e ela é diretora de engajamento externo na Knowledge-Action-Change, uma organização que recebeu fundos da Fundação para um Mundo sem Fumo, Inc., uma ONG americana que recebeu mais de US$400 milhões da Philip Morris International nos últimos sete anos, segundo revelou a investigação transnacional Redes de Nicotina.
PÉREZ, María. Dinheiro do tabaco financiou indiretamente “notícias” sobre vape – até no Brasil. Agência Pública, [s.l.], Disponível em: https://apublica.org/2024/01/dinheiro-do-tabaco-financiou-indiretamente-.... Acesso em: 29 jan. 2024.
O dinheiro da indústria do tabaco está financiando grupos pró-vaping e influenciadores na América Latina, ao mesmo tempo que a indústria, enfrentando o declínio do uso de cigarros e um futuro financeiro incerto, busca maior aceitação de sua mais recente geração: os produtos de nicotina sem fumaça. Porém, esse fluxo de dinheiro está longe de ser direto. Frequentemente, os valores passam por vários intermediários, com a Fundação para um Mundo sem Fumo, Inc., uma organização sem fins lucrativos sediada nos EUA, atuando como nó central.
PÉREZ, María. Na batalha para liberar vapes, a influência secreta do dinheiro da indústria do tabaco. Agência Pública, [s.l.], 16 jan. 2024. Disponível em: https://apublica.org/2024/01/na-batalha-para-liberar-vapes-a-influencia-.... Acesso em: 29 jan. 2024.
O avanço do lobby das tabagistas se refletiu em uma piora na pontuação do Brasil no Índice de Interferência da Indústria do Tabaco de 2023, que mede o quanto a indústria influi nas políticas públicas de um país. O Brasil registrou 66 pontos, oito a mais do que em 2021, em uma escala de 0 a 100, e ficou na 59º posição entre os 90 países. Para as organizações responsáveis pela versão brasileira do índice, além de uma melhora no trabalho de monitoramento, influenciou na piora do ranking a atuação de ex-diretores da Anvisa e políticos contratados pela indústria na discussão sobre os DEFs, entre outros fatores. O índice é formulado pela ACT – Promoção da Saúde e pelo Observatório de Monitoramento das Estratégias da Indústria do Tabaco, ligado à Fiocruz.
OLIVEIRA, Rafael; SCOFIELD, Laura; FEIFEL, Bianca. Como a indústria do tabaco pressiona a Anvisa para vender vapes: Empresas repetem estratégias do passado para tentar convencer consumidores e órgão regulador. Agência Pública, [s.l.], 19 jan. 2024. Disponível em: https://apublica.org/2024/01/como-a-industria-do-tabaco-pressiona-a-anvi.... Acesso em: 29 jan. 2024.
Os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) são a nova aposta da bancada do fumo no Congresso. Oficialmente, os parlamentares se dizem representantes dos fumicultores e de outros trabalhadores da cadeia produtiva do tabaco envolvidos no plantio e processamento do fumo. Na prática, defendem também os interesses das grandes corporações, entre eles, a liberação da comercialização dos vaporizadores — conhecidos como “vapes” — e dos dispositivos de tabaco aquecido, proibidos desde 2009.
SCOFIELD, Laura; OLIVEIRA, Rafael, FEIFEL, Bianca. Como a bancada do fumo virou defensora dos “vapes” no Congresso. Agência Pública, 29 jan. 2024. Disponível em: https://apublica.org/2024/01/como-a-bancada-do-fumo-virou-defensora-dos-.... Acesso em: 29 jan. 2023.